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Por que o divórcio com a pessoa narcisista é tão difícil?

Atualizado: 4 de set.

Você já se perguntou por que o divórcio com um(a) narcisista costuma ser uma experiência tão traumática?


Encerrar um relacionamento nunca é fácil. Mas quando o parceiro(a) apresenta traços de Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN), a separação costuma ser um processo ainda mais doloroso, confuso e muito mais prolongado do que se imagina. Isso tudo porque essa situação envolve, entre outras coisas, lidar com um ciclo de abuso que deixa marcas emocionais profundas e, muitas vezes com estratégias abusivas que se estendem para além do fim do convívio.


É muito comum ouvir pessoas que passaram por essa situação relatarem que ao mesmo tempo em que se sentem aliviadas, se sentem pressionadas por coisas que não imaginariam que aconteceria.


Umas das coisas importantes que vale a pena se preparar é sobre o fato de que por não se tratar de uma relação comum, vítimas e pessoas com transtorno de personalidade narcisista, costumam criar um laço emocional que mistura períodos de carinho, idealização e promessas com as fases de abuso, desvalorização e medo. Justamente essa alternância acaba causando dependência emocional, tornando a ideia de se afastar extremamente difícil, mesmo quando a razão diz que é o melhor a fazer.


No cotidiano, isso aparece quando o narcisista envia mensagens nostálgicas, faz promessas de mudança ou cria pretextos para conversar, usando assuntos práticos como desculpa. É por isso que, muitas vezes, cortar contato é tão difícil. O(a) narcisista, consciente ou não, alimenta essa ligação usando diversas técnicas que fazem parte do seu arsenal de controle.


Quando existem filhos em comum, o divórcio com um(a) narcisista raramente significa o fim do contato. Muitos usam a guarda e a convivência como uma forma de manter o controle, atrasar processos ou provocar o(a) ex-parceiro(a).


O(a) narcisista pode usar as crianças como instrumentos de manipulação, de várias formas, alterando visitas de última hora, fazendo críticas veladas ao outro genitor ou transformando os filhos em mensageiros. Essas atitudes geram instabilidade emocional e desgaste com um único objetivo de atingir o(a) o ex-parceiro(a) e claro que isso acaba por respingar também nas próprias crianças. Por isso, especialistas recomendam que toda comunicação seja feita por escrito, preferencialmente por aplicativos de guarda compartilhada, que registrem acordos e permitem documentar atrasos, faltas ou mensagens ofensivas.


O ambiente judicial, por sua vez, também apresenta desafios. Narcisistas tendem a se mostrar calmos, seguros e até como vítimas da situação perante juízes e advogados, enquanto a verdadeira vítima, emocionalmente desgastada, pode ser percebida como instável. Isso confunde autoridades e favorece o(a) abusador(a). Ter um advogado que compreenda dinâmicas de abuso psicológico e organizar provas objetivas é fundamental para evitar injustiças.


Sabemos que o sistema de justiça, em muitos países, ainda não está totalmente preparado para lidar com dinâmicas de abuso psicológico e narcisismo, e como o narcisista pode se mostrar encantador, articulado e convincente, ele muitas vezes parece mais “estável” que a vítima, que está emocionalmente esgotada e fragilizada.


Além dos desafios legais, há o desgaste do dia a dia pós-separação. Vítimas relatam receber e-mails repletos de acusações no meio do expediente, ouvir críticas constantes sobre sua forma de educar os filhos e sentir um frio na barriga sempre que o telefone toca com o nome do(a) ex. Para lidar com isso, é importante criar algumas estratégias, que pode ser desde manter uma rede de apoio de confiança, estabelecer horários fixos para responder mensagens e, sempre que possível, bloquear ou limitar o acesso do narcisista às redes sociais, evitando exposição a provocações.


O que a gente assiste são processos mais longos e caros, decisões judiciais que desconsideram a manipulação e claro, a revitimização da pessoa que busca proteção.

A gente sabe que o Transtorno de Personalidade Narcisista envolve padrões persistentes de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, e é justamente essas características que impactam diretamente a forma como o divórcio é conduzido.

Para ter um processo um pouco mais justo, considere buscar assessoria jurídica especializada em abuso emocional, apoio psicológico para te fortalecer e te ajudar a manter limites e tenha sempre por perto sua rede e grupos de apoio, seus amigos e familiares.


Um fator que tem ajudado bastante e que deve ter uma atenção especial é tentar documentar tudo, mensagens, e-mails, gravações (quando permitido por lei) e qualquer evidência de comportamento abusivo. Isso pode ser determinante em disputas de guarda e outros direitos.


Divorciar-se de um narcisista além de ser um ato legal, é também um processo muito desgastante e ainda mais delicado, porque se trata também de um momento para reconstrução da própria identidade.


Existe uma frase bem impactante sobre essa situação que diz: “o verdadeiro rompimento não acontece no tribunal, mas no momento em que a vítima entende que não precisa mais provar seu valor ao narcisista”. Esse é o instante em que a liberdade começa a surgir, quando você percebe que seu valor não depende (nem nunca dependeu) da aprovação ou do olhar de quem feriu e manipulou você. Reconhecer isso é ‘definitivamente’ encerrar um ciclo, é resgatar a própria dignidade, abrir espaço para a cura e reconstruir uma vida onde suas necessidades, sentimentos e limites sejam respeitados.


É um processo que exige muita coragem, mas cada passo é uma vitória pessoal que ninguém pode tirar de você.


Elizângela Negreiros

 
 
 

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